sexta-feira, 11 de março de 2016

Invitacion

Invitacion

de los caminos no trazados
a las memorias imaginadas
suspendido anhela 
inquieto espera.

la crujiente mirada
que dulce invita,
con calma amenaza,
a dibujar senderos y
deshacer palabras,
a quebrantar hechizos y
desarmar corazas

la mirada urgente
como rio fluyente
que sin decir palabra
arguye elocuente
que la vida es rara
y que en el amor se vive
lo que a la vanidad no basta


esmorecido espera
lamerse la angustia
de miedo y altura
del que solemne vuela
libre, sin miedo en alma
por el cielo en aurora
en la frescura del alba.

domingo, 23 de agosto de 2015

Gases.

O barulho mental, gases. O estômago suspenso, a respiração entrecortada - assim passei o dia. 
Ouço o barulho das velhas caixas de recordações se rebentando nas profundezas. O oceano de memórias, de desejos, de loucuras cegas a ferver meu espírito, mas não os sei. Não posso sabê-los.
Monstros se agitam e me falta a respiração, me dão gases e constipação. Estou doente outra vez. 
Doente de barulho mental, gases, soluços. 
Se posso predizer, vejo dias agonizantes e ignorantes dos arredores. Vejo busca cega por distrações, o desespero de não querer saber. Desistências, sentenças, consequencias difíceis que terei de lidar na brevidade. 
Será que dessa vez saberei parar e sentir? Saberei sentar e deixar? Saberei deixar-me saber? 
Saberei calar o meu barulho? 

O que os olhos vêem, o coração não mente.

Usando palavras não-minhas vou tecendo uma historia de retalhos que conte meus insucessos. 
Porque perspectiva é ferramenta poderosa e ser vítima é sempre mais fácil.
Vejo o mundo em múltiplas óticas que não sei como compartilhar.
Vejo amores dissolvidos mesmo antes de qualquer enlaçar. Vejo a vida se esforçando para encontrar passagem, nas veias da cidade.
Vejo sorrisos maltratados, rostos restaurados de sorrisos desenhados, tão falsos e dissimulados quanto qualquer verdade contada.
Porque verdade sentida é diferente.
Vejo as poças de água nas calçadas esperando ser pisadas por algum sujeito que há de maldizê-las.  Vejo a solidão em cada janela fechada, de cada cubículo amontoado que guarda fielmente as angústias de seus moradores.
Janelas suadas, paredes molhadas, alguém exagera na calefação. Alguém sente mais frio do que deveria, alguém precisa de amor. Quem não?
Vejo nuvens carregadas, pesadas, fartas e desistentes. Passam chorando, derramando lamúrias que ninguém há de ouvir.
Vejo tristezas negras desenhando sombras nos rostos alheios, que se escondem vergonhosos da chuva, da tristeza melancólica que banha a cidade, debaixo de seus vulneráveis guarda-chuvas. Vejo crianças e jovens senhoras, homens e mulheres que não se vêem. Vejo a ordem no caos permanente, das vidas da gente, que se preocupa sem precisar.
Porque preocupação precisa de algo concreto, não é certo?
Vejo as árvores secas, esguias, esforçando-se por entre os fios querendo fugir do concreto que as rodeiam. Vejo pássaros cruzarem tristes o céu que se escurece, o violeta último antes das estrelas. 
É chegada a hora do retiro. É bem-vinda a hora do encontro com o desconhecido protegido pelas sombras.
Tudo tão fugaz como qualquer ruído que não insiste numa cidade triste.

Vice-era.

Um momento de distração e minhas vísceras escorrem soltas pelo emaranhado de pessoas que só querem amar.
O movimento visceral de tripas que se enlaçam vorazes em busca de um lote de qualquer coisa é assustador.
Não há palavra para o que víscera deseja, porque palavra é coisa outra de outra parte do quem somos. 
Visceral e fantástico movimento que só à dança pode pertencer. O rito, o mito, o desejo ensandecido acha passagem no sem sentido. 
Vivo a loucura do que é anterior a mim. Vivo a indecência do meu prazer pagando culpas em parcelas. 
Tripas, vísceras, vergonha, culpa e dívidas. Reencontrei a vida no sem sentido, onde não carece de qualquer palavra. 

Vasilhames

O ar que você expira tem cheiro de amor de homem. Você não sabe porque só eu sei, porque só eu sinto você assim, como meu homem. 
Ainda que só por uma noite, mesmo não te conhecendo eu me permito amar um pouco e intensamente. 
Belos cílios você tem, combina com sua barba fechada e castanha. A pele do seu rosto é tão macia, seu corpo tão quente. Eu poderia te amar tão verdadeiramente! É uma pena que eu não lembre nem ao menos o seu nome. 
Meu corpo lembrará do seu toque, sua língua morna desenhou maravilhas na minha pele e as guardarei sempre. Se um dia voltar eu terei prazer em mostrar o amor que você rabiscou.

A madrugada chega ao fim, anunciam os pássaros. Você dorme tão pesado, tão pacífico que só quero pertencer ao seu amor e viver a paz do seu sono, com você.
Daqui a pouco você acordará descansado, relaxado e satisfeito. Talvez queira ser artista uma vez mais. Ou talvez queira ir embora, voltar ao velho conhecido lar da rotina.
Só me cabe fingir, que durmo, que não me importo, que não me machuco, que não quero mais. 
Sorrindo te abrirei a porta essa manhã. Por agora, só quero ser o parasita incógnito que se alimenta do seu calor. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Dama despida.


Jamais fui homem.
Jamais soube sê-lo.
Não fui homem para ter-te em meus braços.
Viestes mulher.
Tua beleza desalmada repousou em meu âmago, pediu ajuda.
Eu também a precisava.
Meus vinhos não são para o teu paladar.
Minhas rosas não são para cheirar.
Espelhos eu te dei amada, eu quis amar-te.
Sorri teus desconcertos, tuas falhas.
Diziam-me que tudo bem não ser perfeito.
Diziam-me porém que era melhor.
Dama despida, de alma, tua beleza cansada não cabe em meus braços.
Tua alma repousa azul num rochedo na costa do mar.
Tua infância e tua pátria hão de guiar-te em tua jornada de regresso.
O pó dos teus ombros dificultam-me o respirar.
Sou feito de poeira como tu e desabo sempre um pouco.
Abra-te teu caminho porque eu não sou homem para fazê-lo por ti, fria dama.
Nunca senti desprezo maior por quaisquer fraquezas.
As tuas me ardem os olhos, as tuas tão minhas fraquezas.
Quis-te forte como homem que eu não soube ser.
Não pude ter-te em meus trapos, linda dama.
Meus trapos buscam braços brutos para tecer a mais fina seda.
Eu não soube amar-te.
Estavas despida, bela dama cansada, de alma.
Meu amor não te soube.
Meu amor não te coube.
Meu amor não te pôde.
Meu amor não te ouve.
Meu amor não te.
Meu amor.
Meu.

Amor.

sábado, 11 de agosto de 2012

Aridez

Fruto da aridez e da falta, rompe o solo e se ergue desengonçado, torto e arfante! E permanece imóvel, a espera de um toque, a espera de florescer. Mas só lhe crescem espinhos! E são tantos...tantos! Que poderia crescer ali, ao lado, por entre os espinhos?